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Brasil registra recorde: quatro mulheres são vítimas fatais de feminicídio por dia

Por Esdras Dantas de Souza, presidente da Associação Brasileira de Advogados

Brasília, 11 de junho de 2025 – O Mapa da Segurança Pública 2025, divulgado hoje pelo Ministério da Justiça, revela um retrato alarmante da violência de gênero no país: em 2024, 1.459 casos de feminicídio foram registrados — o maior montante desde o início da série histórica em 2020 — um aumento de 0,69% em relação a 2023. Isso equivale a uma média de quatro mulheres assassinadas por dia .

Dados gerais

  • Taxa nacional: Manteve-se em 1,34 feminicídios por 100 mil mulheres, mesmo nível de 2023
  • Tendência histórica: Registrou-se crescimento gradual — de 1.355 (2020), 1.359 (2021), 1.451 (2022), | 1.449 (2023) para 1.459 (2024)

 Distribuição por região

  • Centro‑Oeste segue com a maior taxa: 1,87/100 mil, acima da média nacional
  • Sudeste apresenta a menor taxa, 1,16/100 mil, mesmo concentrando o maior número absoluto de casos, com 532 feminicídios
  • Estados com demanda crescente (2024 vs 2023):
    • Piauí (+42,86%)
    • Maranhão (+38%)
    • Paraná (+34,57%)
    • Amazonas (+30,43%)

Capitais mais afetadas

  • Rio de Janeiro e São Paulo lideram no número de casos absolutos, com 51 feminicídios cada

Contexto de violência

  • Estatísticas de violência geral:
    • Estupro: 83.114 denúncias em 2024 (média de 227 por dia), maior volume dos últimos cinco anos, alta de 1,1% sobre 2023
    • Tentativas de homicídio: também registraram forte aumento de 16,1% entre mulheres
    • Homicídios dolosos gerais: queda de 6,33%, totalizando 35.365 registros

Reação oficial

Ministro Ricardo Lewandowski definiu o crescimento como “estatisticamente insignificante”, mas alertou que “a violência de gênero é uma estrutura perversa e persistente no Brasil” . Ele destacou iniciativas em vigor:

  • Programa “Antes que Aconteça” (prevenção);
  • Fortalecimento da Lei Maria da Penha;
  • Salas Lilás em delegacias especializadas;
  • Ampliação de recursos e rede de apoio institucional

Apesar da estabilidade na taxa, o recorde absoluto de feminicídios e o avanço em tentativas de homicídio e crimes sexuais evidenciam que a violência contra a mulher segue presente — e em alguns aspectos, com sinais de agravamento. O Brasil ainda luta contra a misoginia estrutural, barreiras institucionais e desigualdades profundas.

Para virar esse jogo, especialistas e organizações sugerem ações como:

  • Ampliação dos canais de denúncia;
  • Investimento consistente em prevenção e acolhimento;
  • Educação de gênero nas escolas e comunidades;
  • Melhoria na investigação e cumprimento das medidas protetivas.

A efetividade dessas medidas será crucial para interromper essa curva de aumento e reverter uma das faces mais violentas da desigualdade de gênero no país.

 

Em síntese

Indicador Variação (2024 vs 2023) Situação
Feminicídios +0,69% (1.459 casos) Recorde histórico
Estupro +1,1% (83.114 casos) Maior em 5 anos
Tentativas homicídio +16,1% Sinal de agravamento
Homicídios dolosos –6,3% Tendência de queda

 

Este dado derruba a narrativa de que a violência está retrocedendo — nos crimes contra mulheres, o progresso é tímido ou inexistente. Que esse alerta seja o empurrão que falta para transformar leis em segurança real e vidas salvas.

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