Estudo revela urgência em fortalecer o Coaf para enfrentar crime organizado no Brasil
Relatório aponta aumento alarmante de operações suspeitas e falta de estrutura no combate à lavagem de dinheiro

Brasília – Um estudo divulgado nesta quarta-feira (25) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Esfera, acendeu um alerta sobre a urgência de fortalecer a estrutura do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), peça-chave no combate ao crime financeiro no país. O relatório destaca que, entre 2015 e 2024, as comunicações de operações suspeitas ao órgão aumentaram 766,6%, saltando de 296 mil para mais de 2,5 milhões. Apesar disso, o número de servidores do órgão permanece aquém das necessidades operacionais.
O documento, intitulado “Lavagem de dinheiro e enfrentamento ao crime organizado no Brasil: reflexões sobre o Coaf em perspectiva comparada”, apresenta um raio-x da Unidade de Inteligência Financeira (UIF) brasileira e compara sua estrutura com órgãos semelhantes de países como Estados Unidos, França e Reino Unido. Atualmente, o Coaf opera com cerca de 93 servidores, número bem inferior ao FinCEN dos EUA (cerca de 300 servidores) e outras UIFs internacionais. A pesquisa aponta que o fortalecimento institucional do órgão, com carreira própria e autonomia funcional, é essencial para enfrentar o avanço do crime organizado e seus métodos cada vez mais sofisticados de lavagem de dinheiro.
Entre os mecanismos utilizados por organizações criminosas, como o PCC, o estudo aponta o uso de fintechs, plataformas de apostas online e criptoativos como instrumentos para ocultar e movimentar recursos ilícitos. A falta de regulação ou a demora na implementação de normas permitiu que essas ferramentas se tornassem brechas exploradas por facções. Além disso, a baixa capacidade de supervisão de setores não financeiros e a ausência de integração entre autoridades e plataformas digitais agravam ainda mais o cenário.
Como soluções, o relatório propõe medidas como a ampliação do quadro técnico do Coaf, investimentos em tecnologia e inteligência, melhoria da supervisão de setores vulneráveis e maior articulação entre órgãos de controle e segurança pública. De acordo com os especialistas responsáveis pelo levantamento, alinhar o Brasil às melhores práticas internacionais é fundamental para garantir eficácia no enfrentamento ao crime financeiro.
Palavras-chave – Coaf, crime organizado, lavagem de dinheiro, segurança pública, fintechs, apostas online, criptoativos, PCC, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Instituto Esfera, inteligência financeira, Brasil.