Internacional

Donald Trump quer fechar Harvard?

Por Dante Navarro

Em tempos de polarização extrema, a pergunta que ecoa nos corredores acadêmicos e políticos dos Estados Unidos é: Donald Trump quer fechar Harvard? Embora não haja um decreto explícito com esse objetivo, as ações recentes do ex-presidente indicam uma ofensiva sem precedentes contra a autonomia e a liberdade acadêmica da mais antiga universidade americana.

A escalada do confronto

Desde abril de 2025, a administração Trump tem pressionado Harvard a implementar mudanças em suas políticas de currículo, contratação e admissões, incluindo a exigência de auditorias de “diversidade de pontos de vista” e a dissolução de organizações estudantis pró-Palestina . Diante da recusa da universidade em atender a essas demandas, o governo federal congelou aproximadamente US$ 2,3 bilhões em fundos de pesquisa e solicitou ao IRS a revogação do status de isenção fiscal de Harvard

O impacto sobre estudantes internacionais

Uma das medidas mais controversas foi a tentativa de proibir a matrícula de estudantes internacionais em Harvard, afetando cerca de 6.800 alunos, o que representa 27% do corpo discente . A justificativa oficial alegava preocupações com o antissemitismo e supostos vínculos com o Partido Comunista Chinês. No entanto, críticos veem essa ação como parte de uma campanha mais ampla para minar instituições acadêmicas consideradas liberais.

A decisão gerou protestos e levou a uma ação judicial por parte de Harvard. Em resposta, a juíza federal Allison Burroughs emitiu uma ordem de restrição temporária, impedindo o governo de implementar a proibição

Repercussões internacionais

A ofensiva de Trump contra Harvard teve repercussões além das fronteiras americanas. A princesa Elisabeth da Bélgica, que planejava estudar na universidade, teve seus planos suspensos devido à incerteza sobre a situação dos estudantes internacionais. De forma semelhante, Cleo Carney, filha do primeiro-ministro canadense Mark Carney, enfrenta incertezas quanto ao seu futuro acadêmico

Um precedente perigoso

Michael Ignatieff, ex-reitor da Universidade Centro-Europeia, comparou as ações de Trump às de líderes autoritários como Viktor Orbán, que expulsou universidades independentes da Hungria . Ele alerta que a tentativa de controlar instituições acadêmicas representa uma ameaça direta à democracia e à liberdade de expressão.

Conclusão

Embora Donald Trump não tenha declarado explicitamente a intenção de fechar Harvard, suas ações configuram uma tentativa de subordinar a universidade aos interesses políticos do governo. A resistência de Harvard e o apoio da comunidade acadêmica internacional são fundamentais para preservar a autonomia universitária e os valores democráticos que ela representa.

Dante Navarro é editor-chefe do Pauta Brasil e analista político com foco em relações internacionais e políticas educacionais.

As informações são de pesquisa na Web

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