
Como presidente da Associação Brasileira de Advogados (ABA), entidade que tem como propósito promover o crescimento e o reconhecimento profissional dos nossos associados, sinto-me compelido a refletir sobre um tema que vai além do Direito e adentra a essência dos valores humanos: o respeito e o cuidado com os idosos.
A ABA é composta por diretorias, incluindo uma Nacional, que tenho a honra de presidir, além de comissões temáticas que trabalham incansavelmente para abordar questões importantes. Entre essas comissões, destaco a Comissão Nacional dos Direitos dos Idosos, presidida pela advogada Patrícia Allevato. Essa comissão representa um pilar de nossa entidade ao lutar pelo reconhecimento, valorização e proteção daqueles que nos deram a vida e pavimentaram os caminhos que hoje percorremos.
Recentemente, tomei conhecimento de uma história que ilustra de forma impactante a importância de cuidarmos dos idosos, principalmente quando eles mais precisam de nós.
Um filho, incomodado com as limitações do pai, decidiu levá-lo a um abrigo de idosos. Lá, entregou o pai ao padre responsável pelo local. Para sua surpresa, ao observar a interação entre os dois, percebeu que eles pareciam se conhecer. Curioso, perguntou ao padre se já havia encontrado seu pai antes. O padre, então, revelou uma verdade chocante: anos atrás, aquele homem que agora era levado ao abrigo havia adotado um menino em situação de rua, oferecendo-lhe um lar, carinho, educação e todas as condições dignas para uma vida feliz. Esse menino, acolhido e amado, era ninguém menos do que o próprio filho que agora o abandonava.
Confrontado por essa revelação, o filho, tomado pelo arrependimento, procurou o pai para pedir perdão. E, como sempre, aquele pai amoroso o perdoou, porque o amava incondicionalmente.
Essa história nos ensina uma lição poderosa. Abandonar os pais, que tanto fizeram por nós, especialmente quando mais necessitam de amparo, é uma atitude que não se justifica perante Deus ou qualquer código moral. A ingratidão é uma sombra que corrói a essência do amor familiar, e é nosso dever como filhos retribuir todo o cuidado que recebemos, honrando aqueles que nos deram a vida.
No Brasil, os desafios enfrentados pelos idosos são imensos: abandono, violência, negligência e a falta de recursos básicos. Essa realidade nos faz refletir sobre nossa responsabilidade social. A Comissão Nacional dos Direitos dos Idosos da ABA está comprometida em promover ações que conscientizem a sociedade sobre a importância de proteger e valorizar os idosos. Mas essa luta não pode ser travada sozinha. Ela depende de cada um de nós.
A vida é um ciclo. Quem hoje é jovem, ativo e independente, um dia poderá precisar de cuidado, atenção e amor. Precisamos alugar um espaço na mente e no coração das pessoas para que jamais esqueçam a importância da ABA e de seu trabalho em defesa dos direitos dos idosos. Que todos compreendam que retribuir é um gesto de justiça e humanidade.
Convido você, leitor, a refletir sobre como tem tratado seus pais, avós e aqueles que vieram antes de você. Retribua o amor que eles lhe deram. Respeite sua história, cuide deles com carinho e estenda a mão para aqueles que talvez não tenham ninguém. Vamos construir juntos uma sociedade mais justa, que reconheça e honre aqueles que nos ensinaram tanto. Afinal, são os idosos que carregam a memória de quem somos e de onde viemos.
Na ABA, acreditamos que uma advocacia ética e comprometida também é uma advocacia que respeita e defende os valores humanos. Vamos, juntos, fazer a diferença. Porque cuidar dos nossos idosos é, acima de tudo, cuidar de nós mesmos.
Obrigado por ler este artigo!
Esdras Dantas de Souza é advogado, professor, membro vitalício (ex-presidente) da OAB DF e presidente da Associação Brasileira de Advogados (ABA)