Trump, Poder e a Privatização do Estado: A Nova Ordem dos EUA?
Coluna Opinião Livre - Por Dante Navarro - Foto: Reprodução

O segundo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos tem sido marcado por uma gestão agressiva e imprevisível, que desafia não apenas as normas políticas tradicionais, mas também o equilíbrio econômico e diplomático global. Com um estilo de liderança que mais se assemelha ao comando de uma corporação do que ao de um Estado, Trump governa o país mais poderoso do mundo como se fosse um de seus negócios particulares. Seus decretos presidenciais remodelam, quase que diariamente, o relacionamento dos EUA com o resto do planeta, afetando mercados, alianças e a estabilidade política internacional. Tarifas de importação, sanções unilaterais e reconfigurações estratégicas tornaram-se ferramentas de negociação, deixando nações inteiras reféns de suas decisões. Mas qual é o verdadeiro objetivo por trás dessa abordagem?
Se há algo que define esse novo momento dos Estados Unidos, é a fusão entre o poder político e a lógica empresarial. A nomeação do bilionário Elon Musk como principal assessor da Casa Branca evidencia essa intenção. Conhecido por sua visão disruptiva e pelo desejo de automatizar processos e cortar custos, Musk parece assumir o papel de um “CEO do governo”, trazendo consigo a proposta de enxugar a máquina pública, demitir servidores e substituí-los por inteligência artificial. A política tradicional dá lugar a uma gestão pragmática e impessoal, que flerta perigosamente com a ideia de transformar um Estado de direito público em algo que se assemelha a uma empresa privada global. Mas até onde essa lógica pode ir? Pode um governo operar sem a essência humana que fundamenta a democracia? E, sobretudo, qual será o custo real dessa abordagem para os cidadãos e para o mundo? Entre os que celebram essa “modernização” e os que temem um futuro incerto, uma coisa é certa: vivemos tempos que exigem reflexão e vigilância, pois as fronteiras entre Estado, poder e mercado nunca estiveram tão indefinidas.