O Povo Brasileiro Quer Ditadura? Uma Reflexão Sobre Soberania, Sanções e Democracia
Por Dante Navarro = Editor do PB

Nos últimos dias, um tema delicado e controverso tem ganhado espaço nas redes sociais e nos noticiários: a suposta articulação de sanções contra o Brasil, feitas por um deputado federal brasileiro nos Estados Unidos, e a reação de parte da população que, surpreendentemente, aplaude tais medidas. Diante disso, uma pergunta perturbadora emerge: o povo brasileiro deseja viver sob uma ditadura?
A resposta direta parece óbvia: não. O Brasil é uma democracia consolidada, com eleições regulares, liberdade de imprensa e instituições que, apesar de imperfeições, funcionam. No entanto, o apoio a sanções internacionais que possam prejudicar a economia, isolar o país no cenário global ou interferir na soberania nacional levanta um sinal de alerta. Não se trata mais de crítica política legítima — o que é saudável e necessário — mas da tentativa de enfraquecer o próprio país como retaliação a decisões internas que desagradam determinados grupos ideológicos.
O episódio em questão envolve um parlamentar que, em solo estrangeiro, busca respaldo de autoridades americanas para aplicar sanções contra o Brasil, alegando violações de direitos ou perseguições políticas. Independentemente da validade ou não das alegações, o ato levanta um debate importante: em que momento a oposição política vira traição à pátria? E mais: por que parte do povo vibra com a ideia de ver o próprio país punido por uma potência estrangeira?
Essa atitude revela um fenômeno preocupante: a politização extrema, que cega parte da população e a faz torcer contra o próprio país em nome de uma bandeira ideológica. O mesmo cidadão que pede intervenção internacional se diz patriota. O mesmo que compartilha frases como “meu partido é o Brasil” apoia ações que podem prejudicar milhões de brasileiros inocentes.
É necessário lembrar que as sanções internacionais não atingem apenas políticos ou instituições: elas afetam a economia, o comércio, os investimentos e, por consequência, o cotidiano da população. Ao longo da história, países como Venezuela, Irã, Cuba e Coreia do Norte sofreram duramente com esse tipo de medida — e o resultado foi o empobrecimento generalizado e o fortalecimento de regimes autoritários, e não o contrário.
Portanto, é hora de refletir com maturidade democrática: a discordância política faz parte do jogo democrático, mas torcer para que o país seja punido externamente é um gesto que flerta com o autoritarismo. Não se combate uma possível “ditadura” entregando a soberania nacional de bandeja. O Brasil precisa de diálogo, responsabilidade e senso de coletividade — e não de batalhas ideológicas que colocam em risco a estabilidade e a paz institucional.
Porque, no fim das contas, a verdadeira democracia se defende com votos, não com vingança.