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A CRISE DA JOVEM ADVOCACIA: QUANDO O SONHO ENCONTRA A REALIDADE — E COMO REESCREVER ESSE CAMINHO

Por Esdras Dantas de Souza

A jovem advocacia vive uma das maiores crises de sua história. Não é exagero — é constatação. A distância entre o sonho vendido nas faculdades e a realidade do mercado é brutal, dolorosa e, muitas vezes, injusta. A nova geração de advogados enfrenta falta de oportunidades, honorários desproporcionais, exploração disfarçada de “parceria”, baixos salários, ausência de preparo prático e uma solidão profissional que machuca.

Mas esta não é uma história de derrota. É uma história de reconstrução. Porque, mesmo diante desse cenário desafiador, existe um caminho. Existem soluções reais. E existe uma nova forma de enxergar a advocacia, que devolve força, propósito e direção a quem está começando — ou recomeçando.

Um diploma não é suficiente: a maior mentira dita à jovem advocacia

Durante quatro, cinco ou até seis anos, milhares de futuros advogados são formados com uma promessa silenciosa: “estude, se dedique, e o mercado reconhecerá o seu valor.” Mas, ao pisar no mundo real, percebem uma verdade amarga: o diploma abre a porta, mas não garante nada.

A jovem advocacia enfrenta:

  • escritórios que pagam R$ 800,00 por mês a recém-formados;
  • exigência de experiência para quem nunca teve oportunidade;
  • sobrecarga emocional diante de demandas complexas;
  • pressão por produtividade sem apoio adequado;
  • falta de acesso a clientes;
  • insegurança técnica;
  • medo constante de errar — e errar caro.

Muitos ingressam no mercado acreditando que encontrarão apoio institucional. Mas descobrem que o sistema é lento, distante e pouco sensível ao início de carreira. A crise da jovem advocacia não é falta de talento. É falta de acolhimento. Falta de estrutura. Falta de portas abertas.

E isso adoece. Esmaga. Desmotiva.

Mas não precisa ser assim.

O peso dos honorários baixos e a cultura da exploração

Talvez o maior drama da jovem advocacia seja a ilusão do “ganhe experiência agora e colha depois”. Essa cultura transforma profissionais qualificados em mão de obra barata — ou gratuita. O jovem advogado, cheio de sonhos, cai num ciclo perigoso:

  • aceita valores muito abaixo do mínimo ético;
  • trabalha horas intermináveis por centavos;
  • sustenta estruturas inteiras sem reconhecimento;
  • carrega ações complexas sem orientação;
  • tem medo de dizer “não”, porque precisa sobreviver.

E enquanto isso, as contas chegam. O aluguel vence. A OAB cobra. A família pergunta. A autoestima despenca.

A crise não está na falta de competência da juventude. Está na falta de valorização. Está na normalização de práticas injustas. Está no silêncio diante de um problema que todos conhecem, mas poucos enfrentam.

Mas existe um outro lado — e uma solução prática para virar esse jogo.

O despreparo das faculdades e a formação que não forma

A maioria dos cursos de Direito no Brasil ainda vive no século passado. Preparam para provas, não para o mercado. Ensina-se teoria, mas não se ensina:

  • precificação;
  • prospecção ética;
  • marketing jurídico permitido;
  • gestão de escritório;
  • negociação;
  • contabilidade básica;
  • oratória estratégica;
  • networking;
  • saúde mental na advocacia;
  • redação prática de petições reais.

A consequência é devastadora: jovens criativos, inteligentes e comprometidos são lançados no mercado sem ferramentas. É como entregar um avião a um piloto que nunca entrou em um cockpit.

E isso não é culpa do aluno. É uma falha estrutural. Uma falha que, por muito tempo, ninguém tentou corrigir de verdade.

Mas hoje existe uma alternativa concreta. Uma rede que acolhe, orienta e capacita.

Caminhos reais para superar a crise — e voltar a acreditar

A crise existe, mas ela não é definitiva. Há soluções práticas e acessíveis, que podem transformar a trajetória de quem está começando:

  1. Buscar uma comunidade que apoie — não explore

O jovem advogado floresce quando encontra uma rede que o valoriza. Quando tem colegas que orientam, trocam experiências, compartilham oportunidades e fortalecem sua autoestima.

  1. Aprender o que a faculdade não ensinou

Isso inclui:

  • precificação inteligente;
  • técnicas de atendimento;
  • posicionamento digital;
  • criação de autoridade;
  • networking ético;
  • gestão de tempo e de processos;
  • contratos e acordos bem estruturados.

Essas habilidades movem o mercado mais do que qualquer diploma pendurado na parede.

  1. Desenvolver uma presença digital sólida

A advocacia moderna exige visibilidade. Não likes — autoridade. É totalmente possível crescer nas redes com ética, técnica e estratégia.

  1. Construir propósito para não sucumbir à exaustão

O advogado que sabe por que está na profissão resiste, avança e cria seu próprio espaço.

E é aqui que a solução ganha nome: ABA – Associação Brasileira de Advogados.

Conclusão: a jovem advocacia não está perdida — ela está despertando

A crise é real, mas também é a chance de escrever uma nova história. Uma história em que a jovem advocacia não mendiga oportunidades, mas constrói as suas. Uma história em que o advogado recém-formado não é explorado, mas acolhido. Uma história em que existir comunidade é mais importante que existir concorrência.

A ABA representa essa virada. Representa apoio institucional, acolhimento emocional, capacitação prática, networking real e o mais importante: um propósito maior.

Aqui, a jovem advocacia não é deixada para trás.
Aqui, ela encontra mãos estendidas, portas abertas e caminhos possíveis.
Aqui, ela descobre que pode brilhar — e brilhar muito.

A crise da jovem advocacia não é o fim.
É o começo de uma geração mais consciente, mais preparada e mais forte.

E você não precisa enfrentar esse caminho sozinho.

Esdras Dantas de Souza é advogado, professor e presidente da Associação Brasileira de Advogados (ABA) – www.abanacional.com.br

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