China Investiga Google por Suposta Violação da Lei Antimonopólio em Meio a Tensão Comercial com os EUA

A China anunciou a abertura de uma investigação contra a Alphabet Inc., empresa-mãe do Google, sob suspeita de violação da lei antimonopólio do país. A medida ocorre em um contexto de escalada da disputa comercial entre China e Estados Unidos, marcada por tarifas e sanções aplicadas por ambos os lados.
A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China não forneceu detalhes específicos sobre as alegações contra o Google ou sobre quais práticas comerciais estariam sob escrutínio. A empresa, por sua vez, se recusou a comentar sobre a investigação.
Retaliações em Meio à Guerra Comercial
O anúncio da investigação contra o Google coincide com novas medidas de retaliação impostas pela China aos EUA. O país asiático adotou um pacote de sanções que inclui o aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos, como carvão, gás natural liquefeito (GNL), petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. As novas tarifas, que variam de 10% a 15%, entrarão em vigor a partir de 10 de fevereiro.
A decisão chinesa ocorre poucos dias após o governo dos Estados Unidos, sob a gestão do então presidente Donald Trump, estabelecer uma taxa adicional de 10% sobre todas as importações chinesas para o território norte-americano. Essa nova rodada de medidas ampliou ainda mais a tensão econômica entre as duas maiores potências mundiais.
O Papel do Google no Mercado Chinês
Embora o site de buscas e a maioria dos serviços do Google sejam bloqueados na China, a empresa ainda mantém uma pequena presença no mercado local, especialmente por meio de parcerias com anunciantes. Segundo dados divulgados, apenas cerca de 1% da receita global da Alphabet provém do mercado chinês. Em 2017, a companhia chegou a anunciar um pequeno centro de pesquisa em inteligência artificial no país, mas o projeto foi descontinuado em 2019.
A investigação chinesa levanta questionamentos sobre a possibilidade de novas restrições às empresas tecnológicas ocidentais que atuam, direta ou indiretamente, no mercado chinês. Também reforça a percepção de que a guerra comercial entre China e EUA não se limita a bens físicos, mas também envolve disputas no setor digital e tecnológico.
Outras Empresas na Mira Chinesa
Além do Google, a China incluiu a PVH Corp, detentora de marcas como Calvin Klein, e a empresa de biotecnologia Illumina em sua “lista de entidades não confiáveis”. Segundo o Ministério do Comércio chinês, essas empresas foram acusadas de adotar medidas discriminatórias contra companhias chinesas e de prejudicar seus direitos e interesses.
As empresas listadas podem enfrentar sanções que vão desde multas até restrições comerciais, incluindo o congelamento de transações com parceiros chineses e a revogação de permissões de trabalho para funcionários estrangeiros.
Impactos e Perspectivas
A investigação contra o Google e as novas tarifas são indicativos do aprofundamento das tensões entre China e Estados Unidos, especialmente no setor tecnológico. Empresas ocidentais que mantêm relações comerciais com a China devem ficar atentas aos desdobramentos regulatórios e às potenciais barreiras impostas pelo governo chinês.
Se a investigação resultar em sanções severas contra o Google, poderá haver um impacto simbólico e estratégico, ainda que o mercado chinês represente uma pequena fatia dos ganhos da empresa. Mais amplamente, o caso destaca os desafios que empresas multinacionais enfrentam em um ambiente de crescente protecionismo e regulação.
Diante desse cenário, o setor empresarial global segue atento à evolução das relações entre China e Estados Unidos e à possibilidade de novas medidas que possam afetar mercados e cadeias produtivas internacionais.