Antério Mânica, Condenado por Chacina de Unaí, se Entrega à Polícia Federal 19 Anos Após o Crime
Neste sábado (16/9), Antério Mânica, fazendeiro e ex-prefeito da cidade mineira de Unaí, entregou-se à Polícia Federal em Brasília, cumprindo ordem da Justiça Federal. Ele havia sido condenado como mandante da Chacina de Unaí, um crime ocorrido em 2004 em Minas Gerais, no qual auditores fiscais do trabalho foram brutalmente assassinados. Antério Mânica foi prefeito da cidade entre 2007 e 2012, e seu irmão, Norberto Mânica, ainda é considerado foragido.
Na última quarta-feira (13), o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em Belo Horizonte, em resposta a um pedido do Ministério Público Federal, determinou a prisão imediata dos irmãos Mânica, bem como de dois outros condenados por intermediarem a chacina. Um terceiro condenado, José Alberto de Castro, que havia contratado os pistoleiros para o crime, já havia sido preso em Minas Gerais na quinta-feira (14). O quarto condenado, Hugo Alves Pimenta, ainda está foragido.
O TRF-6 justificou a prisão imediata dos mandantes da chacina com base na possibilidade de que eles poderiam usar seu poder político e econômico para interferir no processo judicial. A decisão do TRF-6 seguiu a autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a prisão de Norberto Mânica, José Alberto de Castro e Hugo Alves Pimenta na terça-feira (12).
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) emitiu uma nota após a prisão de Antério Mânica, reconhecendo a importância do trabalho de longa data em busca de justiça. “Toda a luta do Sinait e dos familiares das vítimas ao longo dos últimos quase 20 anos não foi em vão, e certamente, sem esse trabalho, não teríamos chegado a esse desfecho, pois os envolvidos são pessoas de alto poder econômico, com os melhores advogados de defesa”, destacou o comunicado.
O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando auditores fiscais do Trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, juntamente com o motorista Ailton Pereira de Oliveira, foram brutalmente assassinados em uma emboscada na zona rural de Unaí. Eles estavam investigando denúncias de trabalho análogo à escravidão na região. As investigações apontaram os irmãos Mânica como mandantes do crime.
Em 2015, Antério e Norberto foram condenados a 100 anos de prisão, mas permaneceram em liberdade por serem réus primários. Posteriormente, a condenação de Antério foi anulada depois que seu irmão confessou ser o único mandante. No entanto, em maio do ano passado, Antério foi julgado novamente e condenado a 64 anos de prisão. Ambos os irmãos recorreram da sentença e aguardavam o resultado dos recursos em liberdade.
José Alberto de Castro e Hugo Pimenta, condenados por contratarem os atiradores, também aguardavam o resultado dos recursos em liberdade. Os únicos que estavam cumprindo pena até o momento eram os três pistoleiros, Erinaldo Vasconcelos, Rogério Allan e William Miranda, que estão presos desde 2004 e foram condenados em 2013.
As informações são da Agência Brasil.