Ex-integrantes do Gabinete de Intervenção Federal no RJ são alvo de mandados da PF; Sigilo telefônico de Braga Netto é quebrado
Investigação apura supostas fraudes na compra de coletes balísticos durante a intervenção, após alerta dos EUA sobre sobrepreço
Brasilia, DF, 12 de setembro de 2023 – Nesta terça-feira (12), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Perfídia, direcionada a militares que fizeram parte do Gabinete da Intervenção Federal (GIF) no Rio de Janeiro em 2018. A operação visa investigar supostas irregularidades no uso dos recursos do programa, que totalizaram R$ 1,2 bilhão. Importante ressaltar que o general Walter Souza Braga Netto, nomeado como interventor na época, está sob investigação e teve seu sigilo telefônico quebrado por decisão judicial. As autoridades cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em diferentes estados, incluindo o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e o Distrito Federal. Não foram emitidos mandados de prisão, e o general Braga Netto não é alvo da operação.
A investigação da PF está focada em apurar possíveis crimes, como contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção e formação de organização criminosa no processo de aquisição de 9.360 coletes balísticos da empresa americana CTU Security LLC. As suspeitas apontam para um sobrepreço de R$ 4,6 milhões na compra desses equipamentos.
O contexto da intervenção ocorreu ao longo de 2018, quando as Forças Armadas assumiram o controle da segurança pública no Rio de Janeiro, através de um decreto emitido pelo então presidente Michel Temer. Essa medida foi adotada após um período de carnaval tumultuado, marcado por arrastões e ataques em blocos. O general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar do Leste, foi designado como interventor e contou com o apoio dos generais Richard Fernandez Nunes, que assumiu a função de secretário de segurança, e Mauro Sinott, responsável pelas operações.
Durante a intervenção, as Forças Armadas anunciaram que haviam empenhado cerca de R$ 890 milhões dos R$ 1,2 bilhão reservados para a iniciativa. Além disso, estava prevista a devolução de R$ 120 milhões no encerramento do programa. A Operação Perfídia busca esclarecer as circunstâncias que envolveram a utilização desses recursos e as alegadas irregularidades na compra dos coletes balísticos.
A Operação Perfídia representa um importante capítulo na busca pela transparência e responsabilização em relação ao uso dos recursos públicos durante a intervenção federal no Rio de Janeiro. As acusações de supostas irregularidades na compra dos coletes balísticos, envolvendo um sobrepreço significativo, levantam sérias questões sobre a gestão dos fundos destinados à segurança pública e sobre a integridade dos processos de aquisição de equipamentos essenciais para as forças de segurança.
A quebra do sigilo telefônico do general Walter Souza Braga Netto, que liderou a intervenção, demonstra a a importância que a PF está dando à investigação na busca da verdade e da responsabilização, mesmo entre as fileiras das mais altas autoridades envolvidas na operação. Esse desdobramento reflete o compromisso das autoridades em garantir que todos os envolvidos sejam submetidos, com direito de defesa, ao escrutínio da justiça.
É fundamental lembrar que a intervenção no Rio de Janeiro, que ocorreu em um momento crítico da segurança pública do estado, teve como objetivo principal a restauração da ordem e a redução da criminalidade. No entanto, a operação agora sob investigação destaca a necessidade de garantir que os recursos públicos sejam utilizados em conformidade com a legislação.
À medida que a Operação Perfídia avança e as investigações se aprofundam, espera-se que todas as dúvidas e questionamentos em relação ao uso dos recursos e às alegadas fraudes sejam esclarecidos. A sociedade brasileira acompanhará de perto os desdobramentos dessa operação, na expectativa de que a justiça seja feita e que qualquer irregularidade seja devidamente punida, reforçando assim a importância da responsabilidade e da transparência na gestão dos recursos públicos e na manutenção da ordem pública.
As informações são do Portal G1