
Vivemos um momento triste — e não é exagero dizer isso. O Brasil atravessa uma fase em que a política, que deveria ser instrumento de transformação social, tem sido usada por alguns como atalho para interesses pessoais. O resultado é um desalinhamento doloroso entre quem representa e quem é representado. Enquanto a população enfrenta filas na saúde, insegurança nas ruas e desafios estruturais na educação, assistimos a negociações de princípios como se fossem moedas de troca. É um cenário que cansa, revolta e, pior, pode anestesiar. Mas não deveria.
No Direito e no empreendedorismo jurídico, aprendemos cedo que integridade não é acessório — é fundamento. Um contrato sem boa-fé desmorona; uma empresa sem valores perde credibilidade; uma liderança sem ética implode por dentro. Por que seria diferente na política? Quando representantes abandonam as bandeiras sociais para negociar conveniências, o dano não é apenas institucional; é humano. Exemplos não faltam: políticas públicas interrompidas por acordos de bastidor, prioridades invertidas por agendas particulares, discursos que prometem o coletivo enquanto servem ao privado. O preço é pago por quem mais precisa.
Há caminhos — e eles são éticos. Primeiro, recolocar o interesse público no centro: decisões orientadas por impacto social mensurável, transparência ativa e prestação de contas contínua. Segundo, fortalecer a cultura da responsabilidade: mandatos com metas claras, indicadores públicos e consequências reais para desvios. Terceiro, formar lideranças com valores: educação cívica, estímulo à participação qualificada e apoio a iniciativas que unam técnica, empatia e compromisso. Quarto, engajar a sociedade organizada: advocacia, academia, imprensa e empreendedorismo jurídico como fiscalizadores permanentes, não espectadores ocasionais.
O Brasil não precisa de salvadores da pátria; precisa de servidores do bem comum. Precisa de coragem para dizer “não” ao atalho fácil, de coerência para sustentar princípios sob pressão e de visão para construir políticas que sobrevivam a governos. Aos profissionais do Direito e empreendedores jurídicos, o chamado é claro: usem sua voz, sua técnica e sua influência para elevar o debate, exigir integridade e apoiar quem trabalha com seriedade. O futuro não se negocia — se constrói. E começa agora.



