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Parceria entre SUS e Planos de Saúde Inicia em Agosto com Meta de Reduzir Filas e Cobrar Dívidas Bilionárias

Por Redação Pauta Brasil | Informação com responsabilidade e equilíbrio

A partir de agosto, o sistema público de saúde brasileiro dará um passo inédito rumo à integração com o setor privado. Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) começarão a ser atendidos por hospitais e clínicas de planos de saúde, por meio do novo programa “Agora Tem Especialistas”, lançado pelo Ministério da Saúde. O objetivo é claro: reduzir as filas por atendimento especializado, que há anos desafiam a capacidade do SUS em diversas regiões do país.

Mais do que uma medida emergencial, o programa também propõe uma forma inovadora de ressarcimento de dívidas. Operadoras de planos de saúde que devem mais de R$ 1 bilhão ao SUS poderão saldar esse passivo não em dinheiro, mas prestando serviços diretamente à população: consultas, exames e cirurgias eletivas. Inicialmente, a expectativa é que cerca de R$ 750 milhões sejam convertidos em atendimentos em sete especialidades prioritárias: oncologia, ortopedia, oftalmologia, ginecologia, otorrinolaringologia, cardiologia e cirurgia geral.

Como funcionará na prática?

A proposta mantém o fluxo tradicional do SUS: o paciente continua procurando a Unidade Básica de Saúde (UBS), onde será avaliado por um médico da rede pública. Se houver necessidade de consulta com especialista, a solicitação entra na regulação local (estadual ou municipal), que poderá encaminhar o paciente para atendimento em uma unidade privada conveniada, com base em critérios clínicos e de prioridade. O cidadão não precisará fazer nenhum pedido especial — o agendamento será automático, inclusive com aviso via WhatsApp.

A adesão das operadoras é voluntária, mas somente empresas com comprovada capacidade de realizar mais de 100 mil atendimentos mensais poderão participar. Em regiões com maior carência, operadoras menores, com ao menos 50 mil atendimentos mensais, poderão ser autorizadas. Todas as propostas serão avaliadas pelo Ministério da Saúde, com base nas demandas específicas de cada região.

Mais do que acesso: um novo modelo de integração

Um dos diferenciais do programa está na exigência de entrega integral do atendimento especializado. Isso significa que os planos de saúde só receberão a compensação após realizarem todo o conjunto de serviços necessários ao tratamento do paciente — da consulta ao exame, e, se for o caso, à cirurgia.

Além disso, a iniciativa prevê a integração das informações clínicas dos pacientes ao sistema nacional de dados do SUS, o que facilitará o acompanhamento dos casos, evitará exames duplicados e permitirá maior continuidade no cuidado em saúde.

Desafios e vigilância

A medida é celebrada como estratégica, mas levanta também questionamentos. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) garante que as operadoras continuarão sendo fiscalizadas e que não poderão priorizar os pacientes do SUS em detrimento de seus próprios beneficiários. Irregularidades podem resultar em multas e sanções.

Segundo o Ministério da Saúde, o programa não representa uma privatização do SUS, mas sim uma mobilização emergencial de toda a capacidade instalada do sistema de saúde brasileiro — pública e privada — para enfrentar o gargalo histórico da atenção especializada, agravado pelos impactos da pandemia.

Conclusão

A iniciativa é ousada, inovadora e potencialmente transformadora. Mas seu sucesso dependerá de gestão eficiente, transparência, equilíbrio entre os interesses públicos e privados, e controle rigoroso da qualidade dos serviços prestados. Se bem executada, pode significar não apenas alívio nas filas, mas o início de uma nova lógica de cooperação entre o público e o privado no Brasil: mais colaborativa, mais ágil — e, sobretudo, mais justa para quem mais precisa.

 

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