Carla Zambelli é presa em Roma após condenação no Brasil por crimes cibernéticos e falsidade ideológica
Deputada federal licenciada havia sido incluída na lista vermelha da Interpol após fuga internacional; processo de extradição está em andamento na Justiça italiana

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL‑SP) foi presa nesta segunda-feira, 29 de julho de 2025, em Roma, na Itália, pela polícia local, em cumprimento de mandado internacional expedido após sua inclusão na lista vermelha da Interpol. A prisão representa um desdobramento direto de sua condenação no Brasil a dez anos e oito meses de reclusão, por envolvimento em crimes cibernéticos contra o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além de falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistema público.
Contexto e condenação
Em 17 de maio de 2025, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli por ter contratado o hacker Walter Delgatti Neto para invadir os sistemas do CNJ e inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. A decisão também prevê a perda do mandato parlamentar, ainda pendente de trânsito em julgado, além do pagamento de R$ 2 milhões em indenização solidária.
Fuga e inserção na lista da Interpol
Cerca de vinte dias após a condenação, Zambelli deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina e passou pelos Estados Unidos antes de se estabelecer na Itália, país onde possui cidadania italiana. A Procuradoria-Geral da República solicitou sua prisão preventiva e sua inclusão na lista vermelha da Interpol, o que foi efetivado em 4 de junho de 2025.
Prisão na Itália
A parlamentar foi localizada em um apartamento em Roma, onde estava acompanhada de seu pai. A detenção foi confirmada tanto pelo Ministério da Justiça brasileiro quanto por autoridades italianas. O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, declarou ter fornecido à polícia o endereço de Zambelli, contribuindo diretamente para sua localização.
Processo de extradição
Com a prisão, a Justiça italiana terá até 48 horas para decidir sobre os próximos passos: iniciar o processo de extradição, negar o pedido brasileiro ou impor outra medida cautelar. Segundo o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, o trâmite pode se estender por seis meses ou mais, a depender da complexidade das etapas legais envolvidas.
Embora detenha dupla cidadania, brasileira e italiana, isso não impede a extradição, já que o acordo bilateral entre Brasil e Itália permite a cooperação judicial em casos criminais dessa natureza.
Análise imparcial
A favor da decisão judicial:
- A prisão demonstra a efetividade da cooperação internacional em matéria penal, mesmo em casos que envolvem parlamentares e cidadãos binacionais.
- A condenação foi proferida por unanimidade no STF, com base em provas e apuração judicial formal.
Críticas e contrapontos:
- Zambelli e seus defensores alegam perseguição política, afirmando que ela seria alvo de arbitrariedades por parte do STF. Em declarações anteriores, a deputada afirmou estar em “exílio político”, o que gerou divisões no debate público.
- Há especulações sobre tentativas de anulação da extradição com base em sua cidadania italiana, embora a legislação atual não ofereça garantias nesse sentido.
Conclusão
A prisão de Carla Zambelli em solo italiano marca um episódio relevante na relação entre política, justiça e cooperação internacional. Enquanto para parte da sociedade a medida representa o cumprimento da lei e a responsabilização de autoridades públicas, outros enxergam na detenção um episódio de conflito político-ideológico e judicialização da política. O desenrolar do processo de extradição poderá ter impacto não apenas na trajetória da deputada, mas também no debate institucional entre os poderes e na relação Brasil-Itália em matéria jurídica.