EUA anunciam taxação de 50% sobre produtos brasileiros e tensionam relações diplomáticas com o Brasil
Por Dante Navarro

Brasília, 28 de julho de 2025 — Os Estados Unidos anunciaram que, a partir do próximo dia 1º de agosto, todos os produtos brasileiros que ingressarem no país passarão a ser taxados em 50%. A medida, anunciada pelo ex-presidente e atual figura de influência política Donald Trump, representa o maior percentual tarifário aplicado a um país atualmente e gerou forte repercussão entre autoridades, empresários e exportadores brasileiros.
Trump alegou que os EUA estariam enfrentando um déficit na balança comercial com o Brasil, justificativa que não se sustenta diante dos dados mais recentes do Departamento de Comércio norte-americano, que apontam uma supervit para os EUA nos últimos trimestres. A decisão foi interpretada por analistas como uma manobra política com motivações ideológicas, mais do que econômicas.
A medida tarifária, embora afete toda a cadeia exportadora brasileira, deve atingir com mais intensidade os grandes produtores e conglomerados empresariais — especialmente os setores do agronegócio, da indústria de transformação e dos exportadores de commodities. Esses grupos, que lucram bilhões com a venda de produtos ao mercado americano, verão margens de lucro reduzidas e contratos ameaçados. Ainda assim, muitos deles já contam com garantias financeiras, reservas robustas e, em alguns casos, com apoio do próprio governo federal, o que deve amortecer os impactos diretos sobre suas operações.
Para a população em geral, os efeitos serão bem menores, mais indiretos — como a possível alta de preços de determinados produtos ou a desaceleração de setores da economia —, mas nada comparável ao impacto que sofrerão as grandes cadeias exportadoras. O cidadão comum pode ser afetado, sim, mas está longe de ser o mais prejudicado com essa crise comercial.
As declarações políticas que acompanharam o anúncio da tarifa acirraram ainda mais os ânimos. Trump exigiu publicamente que o Brasil “deixe Jair Bolsonaro em paz”, em referência às investigações judiciais em andamento contra o ex-presidente que está sendo processado, com outras pessoas, por tentativa de golpe de estado, crime previsto na legislação brasieira, votada pelo Congresso Nacional. A fala foi interpretada como ingerência nos assuntos internos do Brasil, além de levantar fortes suspeitas sobre uma possível articulação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que tem relações estreitas com o círculo político de Trump. Eduardo vem sustentando a tese falsa — considerada infundada por juristas e instituições brasileiras — de que o país vive sob uma “ditadura judicial”.
O Ministério das Relações Exteriores estuda uma resposta diplomática à medida, que ameaça prejudicar um dos pilares do comércio exterior brasileiro. A expectativa é de que o Itamaraty convoque uma série de reuniões com representantes do setor produtivo e apresente uma solução adequada ao governo norte-americano.
No cenário internacional, a medida unilateral dos EUA é vista, como sempre, “com preocupação”, por representar uma escalada desnecessária em tempos de esforço por cooperação global. Enquanto isso, o Brasil tenta manter a serenidade institucional, reafirmando o compromisso com a democracia, com o Estado de Direito e com a defesa firme de sua soberania comercial e política.