Segurança Pública

Servidor da CDHU é preso por ataques a ônibus em SP; usou carro oficial e recebia R$ 11 mil

Por Dante Navarro

A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta terça-feira (22) Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, servidor público concursado da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), acusado de participar de pelo menos 17 ataques a ônibus na Grande São Paulo. Motorista do chefe de gabinete da estatal, Campolongo usava um veículo oficial fora do expediente para realizar os crimes. Em junho, ele recebeu quase R$ 11 mil líquidos de salário.

As investigações começaram após câmeras de segurança registrarem um carro com logomarca da CDHU em locais de depredação de coletivos na região do ABC Paulista. O veículo, cedido por uma locadora ao órgão estadual, era utilizado pelo acusado, que confessou os ataques, alegando que queria “salvar o Brasil”. A polícia, no entanto, descarta essa motivação.

Na casa do servidor, os investigadores encontraram pedras e estilingues supostamente usados nos crimes. A Justiça decretou a prisão preventiva de Edson e também do irmão dele, Sérgio Aparecido Campolongo, suspeito de ajudar em dois ataques e que está foragido.

Perfil radical e ligações políticas

Apesar de manter um perfil reservado no trabalho, Edson era ativo nas redes sociais, onde atacava o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e declarava apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Funcionários da CDHU afirmaram, sob anonimato, que ficaram “em choque” com a prisão e que o clima é de consternação no órgão. O chefe de gabinete chegou a chorar ao saber da prisão do motorista, segundo relatos.

O caso ganhou ainda mais repercussão porque Edson participava de viagens oficiais acompanhando autoridades do governo paulista, inclusive eventos com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A CDHU ainda não se pronunciou.

Investigações apontam disputa no setor de transporte

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma das linhas de investigação apura se os ataques têm relação com disputa entre empresas de transporte urbano e conflitos internos no sindicato da categoria, que já geraram processos judiciais. A hipótese é de que depredações possam ter sido usadas para prejudicar concorrentes. Outras teorias, como envolvimento com facções criminosas ou desafios de internet, não foram descartadas, mas perderam força.

Um dos episódios mais graves ocorreu na Zona Sul de São Paulo, quando uma passageira ficou gravemente ferida após ser atingida no rosto por uma pedra.

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo