Trump e Elon Musk em confronto: da aliança estratégica ao embate público
Por Dante Navarro

A relação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o empresário Elon Musk, um dos homens mais ricos e influentes do mundo, atravessa seu momento mais tenso. Em menos de seis meses, o que parecia ser uma aproximação estratégica entre governo e iniciativa privada deu lugar a um confronto de grandes proporções, com direito a ameaças bilionárias, ataques pessoais e acusações graves envolvendo escândalos sexuais.
O estopim do embate foi a crítica pública de Musk ao projeto de lei orçamentária que tramita no Congresso norte-americano. Durante um encontro com o chanceler alemão Friedrich Merz, na Casa Branca, Trump demonstrou irritação com o posicionamento do empresário, alegando que ele já sabia previamente sobre a proposta e insinuando o fim da boa relação entre ambos. Na sequência, o presidente foi mais longe: ameaçou suspender subsídios e contratos governamentais com as empresas de Musk, entre elas a Tesla e a SpaceX, afirmando que essa seria uma “forma fácil de economizar bilhões”. Musk, por sua vez, respondeu via rede social X, dizendo que Trump era ingrato e insinuando que, sem sua influência, o ex-presidente sequer teria sido eleito.
O tom escalou rapidamente. Trump alegou ter “mandado Musk embora” do governo por estar irritado com o empresário e criticou o chamado “Mandato dos Carros Elétricos”, vinculando-o a políticas da gestão Biden. Em contragolpe, Musk afirmou que sua empresa SpaceX deixaria de comissionar a cápsula Dragon, utilizada pela NASA, e insinuou que Trump teria envolvimento com o escândalo sexual de Jeffrey Epstein. A acusação, feita sem apresentação de provas, adicionou combustível ao conflito público. Ao endossar um post que sugeria o impeachment de Trump, Musk deixou claro que o rompimento entre ambos não tem volta.
O episódio revela não apenas o desgaste pessoal entre duas figuras centrais da política e da inovação tecnológica dos Estados Unidos, mas também os riscos institucionais de relações mal resolvidas entre governo e grandes empresários. Para além do espetáculo nas redes sociais, os impactos práticos dessa ruptura podem afetar contratos estratégicos, políticas de inovação e o próprio equilíbrio entre poder político e econômico no país.