Ex-diretor da PRF confirma ordem para blitz antes da eleição de 2022, mas nega fiscalizar eleitores
Por Dante Navarro, jornalista

Em depoimento prestado nesta terça-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, confirmou ter recebido ordens do então ministro da Justiça, Anderson Torres, para realizar operações de fiscalização em ônibus que saíam de São Paulo com destino ao Nordeste, nos dias que antecederam o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
De acordo com o depoente, as operações ocorreram entre os dias 21 e 27 de outubro, portanto, antes do pleito, que foi realizado no dia 30 de outubro. Moura negou que as fiscalizações tenham tido como objetivo impedir ou dificultar o transporte de eleitores. Segundo ele, as ações foram direcionadas exclusivamente à verificação de irregularidades nos veículos e eventuais ilícitos relacionados ao transporte de valores.
“Em momento algum foi fiscalizado o serviço de transporte, se ele estava autorizado ou não a fazer o transporte de eleitores”, afirmou Moura, acrescentando que mais de 60% das abordagens tiveram duração inferior a 15 minutos. O ex-diretor também destacou que havia suspeitas de transporte irregular de passageiros e de movimentação de recursos financeiros, o que, segundo ele, justificaria as abordagens.
O depoimento faz parte das oitivas conduzidas pela Primeira Turma do STF no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. Até sexta-feira (30), estão previstas as audiências de 26 testemunhas de defesa do ex-ministro Anderson Torres, além de outros ex-integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As investigações buscam esclarecer se houve interferência de órgãos públicos no processo eleitoral, especialmente nas ações que poderiam impactar o direito de voto de cidadãos, tema que permanece sensível no debate público e jurídico do país.