Os conflitos envolvendo Israel, Hezbollah, Líbano, Irã e outros povos do Oriente Médio, são tragédias que há décadas assolam a região e têm impacto global. Para além da perda de vidas, da destruição de infraestruturas e do sofrimento humano, há uma pergunta que persiste: quem, de fato, se beneficia dessas guerras? E por que o mundo parece assistir a tudo de braços cruzados, sem uma intervenção decisiva que ponha fim à violência?
Os Beneficiários dos Conflitos
- Indústria bélica internacional
Um dos maiores beneficiários diretos dos conflitos no Oriente Médio é a indústria de armamentos. Empresas multinacionais que fabricam armas, aviões de combate, mísseis e sistemas de defesa lucram com a venda de seus produtos para as nações envolvidas no conflito. Israel, com seu sofisticado aparato militar, é um dos maiores consumidores de tecnologia militar, e países como o Irã e o Líbano, por meio de grupos como o Hezbollah, recebem armamento de aliados internacionais.
Essa demanda contínua por equipamentos bélicos faz com que as empresas de defesa, muitas das quais estão sediadas nos Estados Unidos, Europa e Rússia, se beneficiem financeiramente. Enquanto as hostilidades persistem, essas corporações seguem lucrando de maneira imensurável.
- Interesses geopolíticos
Outro beneficiário importante são as grandes potências globais, como os Estados Unidos, a Rússia e até a China. Esses países têm interesses geopolíticos estratégicos no Oriente Médio, envolvendo controle de recursos naturais, como petróleo e gás, além de posicionamentos militares.
Os conflitos proporcionam a essas potências oportunidades de influenciar governos, consolidar aliados regionais e enfraquecer rivais. Israel, como aliado histórico dos Estados Unidos, recebe vasto apoio militar e financeiro, enquanto o Irã, por exemplo, busca ampliar sua influência regional por meio de grupos como o Hezbollah. Essa dinâmica cria uma rede de alianças e rivalidades que, ao longo dos anos, alimenta a continuidade dos confrontos.
- Extremistas e grupos políticos radicais
A polarização política e religiosa é outra força que se nutre do conflito. Grupos extremistas, tanto em Israel quanto no Líbano, Irã e outros países da região, usam as guerras para se defenderem das agressões entre si e ao povo dessas regiões, que se arrastam há muitos anos. O Hezbollah, por exemplo, ganha legitimidade entre certas populações ao se posicionar como “defensor” contra Israel, enquanto políticos israelenses mais conservadores podem justificar políticas de repressão em nome da segurança.
Esses grupos, que prosperam em meio ao caos, dependem da perpetuação do conflito para manter seu poder político e influência sobre suas bases. O ciclo de violência, para eles, é uma ferramenta de controle social e um meio de sobrevivência.
Por que o Mundo Assiste de Braços Cruzados?
- Complexidade histórica e política
A história dos conflitos no Oriente Médio, especialmente a disputa entre israelenses e palestinos, é profundamente complexa e remonta a milênios de rivalidades territoriais, religiosas e políticas. Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, a região tem sido palco de guerras, revoltas e ataques terroristas. Governos de diferentes partes do mundo hesitam em se envolver diretamente, em parte, porque qualquer solução exige lidar com feridas históricas profundas e questões políticas intratáveis.
Além disso, as alianças internacionais e interesses estratégicos tornam difícil que as potências globais adotem uma postura clara. Os Estados Unidos, por exemplo, têm laços profundos com Israel e dependem de sua presença militar no Oriente Médio para proteger seus interesses na região. A Rússia, por outro lado, mantém relações próximas com o Irã e a Síria, buscando equilibrar a balança de poder.
- O risco de escalada global
Intervir diretamente em um conflito como o de Israel contra o Hezbollah ou o Irã representa o risco de escalada global. A intervenção direta de grandes potências poderia acionar reações militares em cadeia, envolvendo mais países e transformando um conflito regional em uma guerra de proporções mundiais. O medo de um confronto de larga escala, com o potencial uso de armas nucleares por países como Israel ou Irã, é um dos motivos pelos quais as potências evitam intervir de maneira decisiva. - Impotência das Nações Unidas
Embora a ONU frequentemente tente mediar cessar-fogos e negociações de paz, a organização é frequentemente vista como impotente diante de tantos interesses em jogo. A falta de uma posição unificada entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — especialmente quando se trata de Estados Unidos, Rússia e China — dificulta qualquer ação concreta. Vetos constantes e divergências políticas impedem que soluções mais firmes sejam implementadas. - Fadiga global
Outro fator relevante é a chamada fadiga de conflito. O mundo tem presenciado guerras no Oriente Médio por décadas, o que cria uma sensação de impotência e cansaço global. A comunidade internacional parece resignada à ideia de que o conflito no Oriente Médio é insolúvel, levando a uma inércia que perpetua o sofrimento.
Conclusão
Enquanto a violência continua no Oriente Médio, os verdadeiros beneficiários são aqueles que lucram com a destruição, seja por meio de contratos bilionários de armamentos, seja pela consolidação de poder geopolítico. Por outro lado, as principais vítimas são as populações civis, que pagam o preço mais alto com suas vidas, seu futuro e sua dignidade.
O mundo, muitas vezes, assiste de braços cruzados, não por falta de preocupação, mas por causa da complexidade das alianças internacionais, dos interesses econômicos e do medo de uma escalada incontrolável. Romper esse ciclo de violência exige coragem política e um compromisso global com a paz, algo que, infelizmente, parece distante no horizonte atual.