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Por que políticos mentem nas redes sociais? Entenda os motivos por trás da desinformação digital

Por Dante Navarro - Editor-Chefe do PB

Em tempos de redes sociais, onde a informação circula em tempo real e o impacto de uma publicação pode atingir milhões de pessoas em segundos, a mentira se tornou uma poderosa ferramenta política. E não se trata de um fenômeno isolado: cada vez mais, políticos de diferentes espectros têm sido flagrados compartilhando informações distorcidas, dados falsos ou declarações enganosas. Mas afinal, o que leva um político a mentir publicamente?

A resposta envolve uma combinação de estratégia, sobrevivência, engajamento e psicologia social.

Engajamento: a moeda das redes sociais

Em primeiro lugar, é importante entender como funcionam as plataformas digitais. O conteúdo que gera mais reações — especialmente as emocionais, como raiva ou euforia — tende a ser impulsionado pelos algoritmos. Nesse cenário, uma declaração polêmica, mesmo que falsa, pode alcançar muito mais pessoas do que uma informação precisa, mas desinteressante.

Para alguns políticos, mentir é uma forma de gerar repercussão e visibilidade, mantendo-se em evidência e falando diretamente com sua base de apoio.

A guerra das narrativas

Outro fator é a tentativa de manipular a opinião pública por meio da criação de narrativas convenientes. Em contextos de crise, ataques ou disputas eleitorais, políticos podem distorcer fatos para proteger sua imagem, deslegitimar adversários ou reforçar seu papel como “vítima do sistema”. Em muitos casos, a verdade é menos importante do que a versão que mais convence.

Esse fenômeno ficou conhecido como “pós-verdade”, quando a emoção e a crença pessoal têm mais peso que os fatos objetivos.

A base fiel e o viés de confirmação

Para políticos com forte apoio popular, mentir também pode ser uma forma de mobilizar a militância. Ao reforçar os medos, inimigos e crenças da própria base, mesmo que com informações falsas, o político mantém sua tropa unida e combativa. Isso se soma ao chamado viés de confirmação, quando as pessoas tendem a acreditar apenas no que reforça suas convicções — rejeitando qualquer dado contrário, por mais verdadeiro que seja.

Impunidade e cálculo político

Outro fator determinante é a falta de punição efetiva. Mesmo quando a mentira é desmascarada, muitos políticos não enfrentam consequências legais, éticas ou eleitorais. Pelo contrário: em certos casos, ganham ainda mais projeção e apoio. A lógica do “fale mal, mas fale de mim” continua valendo, e as redes sociais reforçam esse efeito.

Além disso, muitos eleitores perdoam a mentira se ela servir a um “bem maior” — o que, na prática, cria um ambiente de tolerância à desinformação.

Mentira ou desinformação involuntária?

Por fim, é preciso considerar que nem toda inverdade é intencional. Vivemos em uma era de excesso de informações, onde até mesmo figuras públicas podem ser vítimas de notícias falsas ou interpretações erradas. No entanto, quando se trata de políticos experientes, com acesso a equipes e assessorias, o limite entre erro e manipulação consciente pode ser tênue — e perigoso.

O desafio da sociedade: reconhecer, questionar e responsabilizar

Diante desse cenário, o combate à desinformação se torna um desafio coletivo. Exige educação digital, checagem de fatos, responsabilidade das plataformas e, principalmente, consciência crítica da população.

A mentira sempre fez parte da política, mas nas redes sociais ela ganhou velocidade, escala e efeitos colaterais profundos. Entender os motivos por trás desse comportamento é o primeiro passo para enfrentá-lo — e para valorizar uma política baseada em fatos, não em fantasias.

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