Lula e Alckmin discutem plano para conter tarifaço dos EUA: economia e empregos em jogo
Por Dante Navarro - Editor-chefe do Pauta Brasil

O governo federal corre contra o tempo para reagir às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Na tarde desta segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, para alinhar os últimos detalhes do plano de contingência que promete aliviar os impactos da sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente americano Donald Trump. A medida atinge diretamente setores estratégicos como café, carne, pescado, frutas e, especialmente, a indústria de máquinas e motores — considerada de difícil realocação no mercado internacional.
O pacote, que deve ser anunciado ainda hoje, inclui linhas de crédito para empresas afetadas, com foco em investimentos e capital de giro; adiamento de tributos federais por até dois meses, repetindo a estratégia usada durante a pandemia de Covid-19; e compras públicas de produtos perecíveis para evitar perdas. Segundo fontes do Palácio do Planalto, o objetivo é proteger a economia, manter postos de trabalho e dar fôlego aos empresários enquanto o governo busca soluções diplomáticas para reverter ou minimizar as sanções.
Alckmin, que tem conduzido pessoalmente as negociações, afirmou que o programa será “bem amplo” e priorizará os setores mais vulneráveis às restrições. Ele destacou que, enquanto commodities agrícolas têm mais facilidade de encontrar novos mercados, a indústria sofre mais para reposicionar sua produção. “O governo vai lançar medidas para preservar empregos e fortalecer a atividade econômica”, disse o vice-presidente, que cancelou compromissos em São Paulo para participar da reunião no Planalto.
O tarifaço, em vigor desde 6 de agosto, afeta cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA, o equivalente a US$ 14,5 bilhões em 2024. Embora alguns setores, como suco de laranja e aeronaves, estejam relativamente protegidos por tarifas menores, a pressão sobre a balança comercial é evidente. Empresários e economistas aguardam com expectativa as primeiras projeções oficiais de impacto, enquanto especialistas alertam que o sucesso do plano dependerá não apenas do socorro emergencial, mas também de uma estratégia sólida de diversificação de mercados e aumento da competitividade brasileira no cenário global.