Segurança Pública

Polícia Federal deflagra operação contra corrupção envolvendo servidores públicos no Rio Grande do Sul

Ação, denominada Operação Desvio de Rota, apura pagamento de propina a policiais rodoviários federais e empresários ligados a Centro de Remoção e Depósito

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (9), a Operação Desvio de Rota, em Porto Alegre (RS), com o objetivo de combater um esquema de corrupção envolvendo servidores públicos federais e empresários do setor de remoção e depósito de veículos. A investigação aponta o pagamento de propina a policiais rodoviários federais, além de fraudes em serviços contratados junto ao Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (DETRAN/RS).

Durante a ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em diferentes endereços, prisões temporárias e bloqueios de bens e contas bancárias dos suspeitos. A estimativa é de que o desvio aos cofres públicos, em quatro anos de irregularidades, ultrapasse R$ 1 milhão.

Detalhes da Operação Desvio de Rota

A operação foi resultado de uma investigação iniciada em 2021, que identificou indícios de que dois policiais rodoviários federais teriam recebido vantagens indevidas para favorecer empresários responsáveis por um Centro de Remoção e Depósito credenciado junto ao DETRAN/RS.

De acordo com a Polícia Federal, foram expedidas ordens judiciais pela 7ª Vara Federal de Porto Alegre que permitiram a realização de buscas em nove endereços, além da apreensão de documentos, equipamentos eletrônicos e veículos de luxo.

Entre as medidas cautelares aplicadas estão:

  • Sequestro de quatro veículos de alto valor de mercado;
  • Bloqueio de contas bancárias dos investigados e das empresas envolvidas;
  • Prisão temporária de três pessoas: um policial rodoviário federal e dois empresários;
  • Afastamento de servidor público do cargo;
  • Proibição de contratação pelos particulares junto ao DETRAN/RS.

A Polícia Federal contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul e da Corregedoria-Geral do DETRAN/RS para a deflagração da operação.

Valores envolvidos e impacto financeiro

As investigações revelaram que, entre agosto de 2021 e agosto de 2025, o grupo teria deixado de recolher aproximadamente R$ 1 milhão aos cofres públicos. Esse valor está relacionado à ausência de registro de mais de 1.300 remoções de veículos, o que gerou a falta de pagamento das taxas devidas ao DETRAN/RS.

Além disso, os policiais rodoviários federais investigados teriam recebido propina superior a R$ 240 mil no período, paga por meio de repasses efetuados pelos empresários responsáveis pelo Centro de Remoção e Depósito.

Segundo a Polícia Federal, o esquema prejudicava não apenas o erário, mas também a lisura das atividades de fiscalização e a confiança da sociedade nas instituições públicas.

Repercussão e próximos passos

A operação ganhou destaque em razão de envolver diretamente servidores públicos federais, encarregados da fiscalização de trânsito e segurança viária, e empresários credenciados em contratos públicos.

A Justiça Federal, além de determinar as prisões e medidas cautelares, continuará acompanhando o caso, com possibilidade de novas diligências. O material apreendido será analisado pela Polícia Federal e poderá ampliar o alcance das investigações.

Os investigados poderão responder por crimes como corrupção passiva, corrupção ativa, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Dependendo das conclusões, as penas somadas podem ultrapassar mais de 20 anos de prisão.

A Polícia Federal reforçou, em nota, que atua de forma permanente no combate à corrupção e à má utilização de recursos públicos, destacando a importância da cooperação entre diferentes órgãos de fiscalização e controle.

Importância da operação para a transparência pública

O combate à corrupção em contratos públicos é um dos principais desafios enfrentados pelas instituições brasileiras. Casos como o investigado pela Operação Desvio de Rota demonstram os impactos negativos de práticas ilícitas, tanto para os cofres públicos quanto para a confiança da população no serviço estatal.

Ao mesmo tempo, operações dessa natureza reforçam o papel das instituições de controle e fiscalização na preservação da transparência, legalidade e eficiência da gestão pública. O trabalho conjunto entre a Polícia Federal, o Judiciário e as corregedorias mostra que irregularidades podem ser detectadas e responsabilizadas, fortalecendo o Estado Democrático de Direito.

A expectativa é de que, com o avanço do processo, haja responsabilização dos envolvidos e recuperação de valores desviados, garantindo maior segurança e credibilidade aos contratos públicos vinculados ao DETRAN/RS.

 

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