Recentemente, deparei-me com um debate nas redes sociais sobre a ajuda financeira do governo aos menos favorecidos. Uma pessoa expressou sua oposição a essa política, argumentando que discordava veementemente dessa abordagem. Surpreendentemente, essa pessoa é dona de um minimercado na periferia da cidade, conquistado com seu esforço incansável.
Refleti sobre essa posição e rapidamente percebi uma visão diferente. Acredito que essa pessoa está equivocada ao criticar a política de auxílio aos menos favorecidos. Na verdade, essa ajuda governamental é uma bênção para ela também. Por quê? Porque são justamente os menos favorecidos que, com acesso a recursos financeiros, se tornam os principais clientes do seu minimercado.
Se os indivíduos carentes não têm recursos para gastar, enfrentarão enormes dificuldades para comprar os produtos oferecidos. Portanto, ao invés de opor-se à assistência governamental, talvez fosse mais proveitoso repensar essa perspectiva. É fundamental compreender que a prosperidade de seu negócio está intrinsecamente ligada à capacidade das pessoas em adquirir os itens essenciais para sobrevivência.
Apoiando a ideia de que mais pessoas tenham recursos para consumir, consequentemente, estaríamos impulsionando as oportunidades de vendas desse minimercado. Talvez seja momento de reconsiderar a oposição à ajuda governamental aos mais necessitados e, em vez disso, torcer para que mais pessoas tenham condições de adquirir produtos em seu estabelecimento.
O sucesso de um comércio como o seu, afinal, depende da capacidade da comunidade local em ter poder de compra. É hora de ver na assistência aos menos favorecidos não apenas um ato de generosidade, mas também uma maneira de fortalecer não apenas as vidas das pessoas, mas também o sustento dos pequenos negócios.
Esdras Dantas de Souza é advogado, professor e presidente da Associação Brasileira de Advogados (ABA)