Título: Desvendando os Motivos por Trás do Aumento Drástico de Incêndios no Pantanal durante o Período de Chuvas
Subtítulo: Especialistas Analisam as Causas do Alarmante Número de Focos de Incêndio no Bioma Pantaneiro
Os incêndios no Pantanal atingiram proporções devastadoras, consumindo mais de 1 milhão de hectares este ano, triplicando os registros de 2022. Este novembro marcou o pior índice de incêndios em 21 anos, afetando áreas ao longo da rodovia Transpantaneira, de Poconé a Porto Jofre, divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul. Essa queima persiste há mais de um mês, assolando ambos os estados. O aumento é alarmante, ultrapassando em três vezes a área queimada em todo o ano anterior. A escassez de chuvas e a influência do El Niño explicam o recorde de focos de incêndio durante o período tipicamente chuvoso, de outubro a março, de acordo com especialistas.
Guilherme Borges, meteorologista, aponta que as chuvas na região são curtas e frequentemente acompanhadas por raios. Estes raios, ao atingirem a vegetação extremamente seca, promovem as queimadas. Os ventos intensificam o alastramento do fogo. Esse cenário resulta em temperaturas mais altas, enquanto as chuvas, associadas ao calor intenso, são insuficientes para extinguir os incêndios.
Vinícius Silgueiro, do Instituto Centro de Vida (ICV), destaca que a situação atual é um reflexo das mudanças climáticas em curso. A redução nos períodos de chuva, agravada pelo El Niño, tem elevado significativamente as temperaturas.
Os dados apontam Poconé como o município mais afetado, com mais de 15% de sua área já consumida pelo fogo. Registros do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ) indicam que novembro teve 3.024 focos, o pior número desde 2002, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul decretaram situação de emergência devido ao avanço dos incêndios.
As equipes de resgate têm trabalhado incansavelmente para salvar a fauna afetada. Os impactos são visíveis, com aves e sapos feridos sendo tratados e reidratados pelos voluntários do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad).
O Pantanal, lar de uma diversidade ímpar, abriga inúmeras espécies ameaçadas. Além disso, desempenha um papel crucial na regulação natural de enchentes, absorvendo e armazenando água durante os períodos chuvosos. Com 3,5 mil espécies de plantas, 325 de peixes, 53 de anfíbios, 98 de répteis, 656 de aves e 159 de mamíferos, o bioma é o habitat de onças-pintadas, jacarés, tuiuiús, ipês, jacarandás, entre outros. Sua importância se estende como reservatório de água doce, essencial para o abastecimento de aproximadamente 3 milhões de pessoas no Brasil, Bolívia e Paraguai.
Título: Aumento Alarmante de Mortes entre Quilombolas entre 2018 e 2022, Revela Estudo
Subtítulo: Pesquisa Aponta para o Crescimento da Violência contra Comunidades Tradicionais, Expondo o Racismo Estrutural
Um estudo preliminar realizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e pela Terra de Direitos destaca um preocupante aumento na média de mortes de quilombolas nos últimos cinco anos. O levantamento revela que a média anual de assassinatos praticamente dobrou entre 2018 e 2022, em comparação ao período de 2008 a 2017.
Mesmo com a morte de Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, do Quilombo de Pitanga dos Palmares, na Bahia, em agosto, não sendo contabilizada no estudo, os números de 2023 indicam um levantamento preliminar de sete mortes violentas. Entre 2018 e 2022, foram registrados 32 assassinatos em 11 estados, sendo os principais motivos desses ataques os conflitos fundiários e a violência de gênero.
A pesquisa destaca que pelo menos 13 quilombolas foram mortos enquanto defendiam seus territórios. As entidades planejam apresentar o estudo às autoridades federais e estaduais, secretarias de Justiça, além dos Poderes Legislativo e Judiciário, a partir desta sexta-feira.
Em um intervalo de 15 anos, entre 2008 e 2022, 70 quilombolas foram assassinados, revelando um quadro de violência constante. A socióloga Givânia Maria da Silva, coordenadora do coletivo nacional de educação da Conaq, ressalta que o levantamento foi feito diretamente nas comunidades quilombolas, evidenciando números que vão além do que é reportado pela mídia e refletindo a estrutura racista da sociedade brasileira.
A análise salienta que a questão da terra é crucial nesse contexto, apontando para uma percepção de que a presença de pessoas negras como proprietárias dessas terras parece aumentar a gravidade dos conflitos fundiários. Darci Frigo, coordenador da Terra de Direitos, destaca que o racismo estrutural e institucional alimenta a violência, e a lentidão nos processos de regularização fundiária contribui para a escalada desses conflitos.
Estados como Maranhão, Bahia, Pernambuco e Pará lideram em números de casos. Jurandir Wellington Pacífico, filho de Mãe Bernadete, acredita que a falta de titulação das terras quilombolas foi um fator determinante para o assassinato de sua mãe, ressaltando que essas terras são alvos de grilagem e tráfico.
A pesquisa também ressalta a falta de processos abertos no Instituto Nacional de Reforma e Colonização Agrária (Incra) em algumas comunidades onde ocorreram os assassinatos, destacando a importância da regularização fundiária para a segurança dessas comunidades.
As entidades demandam que sejam elaborados planos de titulação dos territórios quilombolas pelos governos estaduais e federais, além da proteção aos defensores dos direitos humanos. O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania reinstalou a Comissão Nacional do Enfrentamento à Violência no Campo, buscando consolidar a proteção desses grupos étnicos e a investigação de crimes contra defensores de direitos humanos. As iformações são da Agência Brasil. A foto é reprodução da internet.