Foto: Ricardo Stuckert/PR – Brasília, 19 de setembro de 20023 – Em seu discurso na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), realizada em Nova York, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou questões cruciais relacionadas ao cenário global. Ele enfatizou que o princípio do multilateralismo global, que pressupõe a soberania igualitária das nações, está enfrentando uma erosão significativa. Lula argumentou que é imperativo realizar uma reforma na estrutura de governança global.
Desde o início de seu mandato, Lula tem defendido em diversos fóruns internacionais que o modelo atual de governança, estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, não é mais adequado para a geopolítica do século 21. O Presidente destacou a importância de uma representação mais justa dos países em desenvolvimento em órgãos como o Conselho de Segurança da ONU, que atualmente é composto apenas pelos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
Lula expressou sua preocupação com a divisão do mundo em esferas de influência e a reemergência de tensões semelhantes à Guerra Fria. Ele apontou a perda progressiva de credibilidade do Conselho de Segurança da ONU, atribuindo essa fragilidade à ação de seus membros permanentes, que muitas vezes promovem guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou mudança de regimes. O Presidente enfatizou a necessidade urgente de reformar o Conselho, tornando-o mais representativo e eficaz.
Lula também destacou a importância de entidades internacionais mais representativas que possam impor sanções a países que não cumpram seus compromissos em relação às questões climáticas. Ele argumentou que a falta de vontade política entre os líderes mundiais para abordar as desigualdades é inaceitável.
O Presidente ressaltou que, nas principais instâncias de governança global, as negociações em que todos os países têm voz e voto perderam força, tornando-se parte do problema quando reproduzem desigualdades. Lula criticou a disparidade na alocação de recursos financeiros por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, enfatizando a necessidade de corrigir essas desigualdades.
Além disso, Lula criticou o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio e o aumento do protecionismo por parte dos países ricos. Ele também mencionou o papel estratégico do grupo Brics, ao qual o Brasil pertence, na promoção da cooperação entre países emergentes.
No que diz respeito às mudanças climáticas, o Presidente brasileiro cobrou dos países ricos o cumprimento de compromissos internacionais, como a doação de US$ 100 bilhões anuais para preservar as florestas dos países em desenvolvimento. Ele enfatizou que um modelo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável é viável.
Lula também abordou questões relacionadas ao aumento da extrema direita em várias partes do mundo, atribuindo isso ao desemprego e à precarização do trabalho. Ele destacou a importância de políticas de inclusão cultural, educacional e digital para promover valores democráticos e a defesa do Estado de Direito.
O Presidente enfatizou a necessidade de resolver conflitos de forma pacífica, destacando que os conflitos armados são contrários à racionalidade humana. Ele mencionou várias situações de conflito ao redor do mundo e enfatizou a importância do diálogo e do investimento em desenvolvimento como meios de alcançar estabilidade e segurança.
No final de seu discurso, Lula reiterou a importância da renovação das instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz e pediu à comunidade internacional que escolha entre a ampliação dos conflitos e a revitalização dessas instituições.
O governo brasileiro tradicionalmente faz o primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, seguido pelos Estados Unidos. Este é o oitavo discurso de abertura feito pelo Presidente Lula na Assembleia Geral.
Com as informações da Agência Brasil